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CORONAVÍRUS

Políticos milionários de MT alugam jatinhos em busca de tratamento de Covid em SP

Com a rede de saúde de Mato Grosso em colapso, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), depois de ter seu quadro agravado pela covid-19, alugou um avião para se internar no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, um dos mais importantes centros médicos da América Latina.

No começo desta semana, Botelho deixou Mato Grosso por medo de precisar de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O Estado passa por um aumento vertiginoso de casos e mortes pelo novo coronavírus e quase não há leitos de UTI disponíveis na rede pública ou privada.

Seguindo o exemplo do colega, o presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), Guilherme Maluf, que é ex-deputado estadual, também fretou um avião para se tratar em um hospital particular de São Paulo, após ser diagnosticado com a covid-19.

Os dois milionários, com carreira na política, são alvos de diferentes investigações sobre fraudes contra os cofres públicos de Mato Grosso. Os dois negam qualquer envolvimento nos supostos crimes.

Falta de leitos

Os casos de Botelho e Maluf revelam que os mais ricos são os menos afetados pela covid-19 no Brasil.

Em Mato Grosso já foram notificadas, até o momento, 1,2 mil mortes pelo coronavírus e 31,1 mil pessoas foram infectadas, segundo dados do Ministério da Saúde.

O Estado está entre as regiões com os maiores índices de crescimento de registros de covid-19 no país. O que preocupa é o colapso na rede de saúde.

Na semana passada, eram 37 pedidos de leitos para UTI (Unidade de Terapia Intensiva), somente para pacientes com covid-19 em Mato Grosso.

Contudo, não há leitos disponíveis, já que, quando um é desocupado, logo há um paciente grave à espera.

A Secretaria de Saúde do Estado afirma que 93,1% dos 275 leitos de UTI destinados a pacientes com a covid-19 estão ocupados.

O promotor de Justiça, Alexandre Guedes, da Área de Cidadania e Saúde Pública de Cuiabá, explica que o problema da falta de leitos, já vem antes da pandemia.

"Antes da pandemia, já faltava vaga na rede pública. Mas o Estado podia mandar o paciente para a rede privada. Agora, nem isso pode ser feito mais, porque não há vaga em nenhum lugar", aponta.

Desigualdade social

"O coronavírus mata mais pessoas negras e pobres no Brasil" é o que aponta um estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, da PUC-Rio. Essa realidade também é encontrada em outros países, como o Reino Unido e os Estados Unidos.

O estudo concluiu que as pessoas sem escolaridade tiveram taxas três vezes superiores (71,3%) às pessoas com nível superior (22,5%) em relação à morte por covid-19.

O levantamento aponta que pretos e pardos sem escolaridade tiveram 80,35% de taxas de morte, contra 19,65% dos brancos com nível superior.

"A desigualdade social tem impacto direto nos óbitos entre os mais pobres e com menor escolaridade", disse, uma das responsáveis pelo estudo, a pesquisadora Paula Maçaira, do Departamento de Engenharia Industrial do CTC/PUC-Rio. "Quanto mais desfavorável a situação do paciente, mais chances ele tem de falecer."

*Com informações da BBC News Brasil

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