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CORONAVÍRUS

Os danos causados por notícias falsas em redes sociais

Quase todos sabemos que notícias falsas ou fake news podem causar perturbações e tragédias em dezenas, centenas, e até milhares de vidas. A desinformação é altamente prejudicial. Especialistas afirmam que o potencial de estrago indireto causado por boatos e teorias da conspiração pode ser ainda maior.

Brian Lee Hilchen, 46 anos, afirma "achamos que o governo estava usando a covid-19 para desviar nossa atenção ou que tivesse a ver com 5G. Daí não seguimos as regras nem procuramos ajuda antes". Após ler teorias conspiratórias na internet, o casal acreditou que a doença era um engano ou no máximo uma gripe.

Mas no início de maio sua mulher contraiu o coronavírus, ambos foram contaminados. No caso da esposa "seus pulmões estão inflamados, e seu corpo simplesmente não responde. Agora me dou conta de que o coronavírus definitivamente não é falso. Ele está lá fora, se espalhando", confirmou.

Os efeitos da desinformação se espalham pelo mundo. Boatos na internet levaram a ataques feito por multidões na Índia e envenenamento em massa no Irã. Engenheiros de telecomunicações foram ameaçados e atacados e torres de transmissão de telefonia celular foram incendiadas no Reino Unido e em outros países. Tudo em decorrência de teorias conspiratórias.

O uso indiscriminado de hidroxicloroquina

Nos últimos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS), decidiu retirar temporariamente a hidroxicloroquina da sua lista de medicamentos em estudo para tratar a covid-19. Após vários questionamentos, a OMS decidiu retomar os estudos com a droga.

Presidente dos EUA Donald Trump. Sempre relacionado a alguma notícia falsa
Foto: Reprodução

A hidroxicloroquina passou a figurar em entrevistas com autoridades na Casa Branca e em tuítes do líder americano, Donald Trump, que argumentou "o que nós temos a perder", disse em 3 de abril. "Tome". São caros os relatos de overdose por hidroxicloroquina, mas a ansiedade decorrente da pandemia levou pessoas a medidas extremas.

O americano Gary Lenius foi uma das vítimas. O produto de limpeza que ele e a mulher Wanda ingeriram continha uma substância diferente e era venenosa. Em poucos minutos, ambos sentiriam tonturas e calor. Vomitaram e tiveram dificuldade para respirar. Gary morreu e Wanda acabou hospitalizada. Posteriormente ela explicou porque tomaram o produto de limpeza: "Trump ficava dizendo que isso era praticamente uma cura.

Envenenamento por álcool

Autoridades do Irã afirmam que centenas de pessoas morreram envenenadas por álcool depois que viralizaram boatos sobre seus supostos efeitos terapêuticos. No país o álcool é proibido e o produto ilegal é frequentemente contaminado. O boato afetou ao menos 796 pessoas até o fim de abril, segundo Kambiz Soltaninejad, autoridade da Organização de Medicina Legal do Irã. Segundo ele, essas mortes foram resultado de "notícias falsas em redes sociais".

A BBC investigou a veracidade de um dos casos e identificou que um menino de 5 anos ficou cego depois que seus pais o fizeram engerir a bebida ilegal como uma tentativa de combater a doença.

A OMS falou em infodemia, pois muitas pessoas foram enganadas pelo que leram na Internet. Eles não estão necessariamente se matando tomando curas falsas. Mas podem estar diminuindo suas chances de sobrevivência ao não considerar que o coronavírus é real e perigoso.

*Com informações da BBC

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