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Mandetta é demitido do Ministério da Saúde

Após especulações sobre a sua saída do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) anunciou pelas redes sociais sua demissão na tarde desta quinta-feira (16). O médico oncologista Nelson Teich é quem deve assumir o ministério. Demissão ocorre após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus.

Pelo twitter, o agora ex-ministro da Saúde, afirmou pelo Twitter que havia acabado de ouvir de Bolsonaro sobre a demissão. Agradeceu a oportunidade que foi dada "de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus". Mandetta classificou a doença como o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar.

Mandetta anuncia demissão pelo Twitter e agradece oportunidade de "pôr de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros". Reprodução: Twitter

Luiz Henrique Mandetta também estendeu os agradecimentos a toda equipe que esteve com ele no Ministério da Saúde e desejou êxito ao sucessor. "Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", escreveu. Em menos de 6 minutos, o post do anúncio da demissão já somava mais de 10 mil curtidas.

Mandetta negou que planeja ir trabalhar com o governador Ronaldo Caiado em Goiás e evitou comentar sobre a nova linha de trabalho de combate à pandemia após sua saída do cargo. No entanto, ele acrescentou que tem um compromisso com o país.

Pelo twitter, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse que Mandetta "fez do nosso País, com todas as suas limitações na área da Saúde, referência internacional de como enfrentar a propagação do coronavírus." Caiado pontuou ainda que o ex-ministro "salvou milhares de vidas".

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, agradece Mandetta pelo trabalho desenvolvido no Ministério da Saúde. "Salvou milhares de vidas", destacou. Reprodução/Twitter

Mandetta já esperava a demissão

Luiz Henrique Mandetta já havia afirmado nesta quinta-feira (16) em um debate online sobre a Covid-19 com especialistas da área da saúde, que a pasta sob sua responsabilidade deveria ter modificações "nas próximas horas". Mandetta havia considerado uma situação de troca no ministério.

Ontem (15), em entrevista à revista Veja, o ministro havia argumentado estar cansado de mediar palavras com o presidente. "Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante."

No último domingo (12) Mandetta defendeu em entrevista ao Fantástico, uma unificação do discurso no combate à pandemia do novo coronavírus. Isso porque, segundo ele, o Brasil não sabe se escuta o ministro ou o presidente.

A entrevista foi criticada pelo vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão (PRTB). Segundo ele, Mandetta “cruzou a linha da bola”, expressão para “uma falta grave” no polo equestre. De acordo com o vice-presidente, Mandetta não precisava ter dito “determinadas coisas”, conforme informações do site O Globo.

De acordo com O Globo, a entrevista do agora ex-ministro foi considerada uma tentativa de “forçar sua demissão”. Além disso, diminuiu o apoio de Mandetta dentro do governo.

No dia 3 de abril, o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou durante uma videoconferência, que o presidente Bolsonaro não tinha coragem de demitir Luiz Henrique Mandetta.

Segundo Rodrigo Maia havia dito, quando vem a público criticar o ministro, Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda. Na época, Maia havia destacado a paciência equilíbrio do ex-ministro para continuar mantendo a mesma posição do Ministério, sem ceder às pressões do chefe do Executivo.

No dia 31 de março, Mandetta foi surpreendido com o contato de alguns médicos amigos que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Eles avisaram terem sido chamados pela Presidência da República para uma reunião presencial, reunião que Mandetta afirma não ter sido chamado.

Os médicos queriam saber se Mandetta estava ciente e se iria ao encontro. Surpreso, Mandetta respondeu que não iria porque não estava sabendo. E mais: ele questionou se o convite era para um encontro presencial, o que classificou como um erro no momento em que os profissionais estavam dedicados ao combate ao coronavírus e a recomendação do mundo era para evitar deslocamentos.

De acordo com informações do site UOL, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estaria incomodado com o protagonismo de Luiz Henrique Mandetta ao liderar a atuação de combate à pandemia da Covid-19. Além disso, conforme Pesquisa Datafolha, a aprovação do Ministério da Saúde sob o comando de Mandetta era maior que a de Bolsonaro.

Substituto atuou como consultor informal na campanha eleitoral do presidente, em 2018

Nelson Teich é o substituto de Mandetta no Ministério da Saúde. Foto: Reprodução

Conforme a BBC Brasil, NelsonTeich nasceu no Rio de Janeiro e se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é especializado em oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.

Teich atuou como consultor informal na campanha eleitoral do presidente, em 2018, e, na época, até chegou a ser cotado para o cargo, mas acabou preterido por Mandetta, segundo a BBC.

Participou do governo como assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Teconologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, conforme o site UOL.

Conforme divulgado pela revista Veja, Nelson Teich defende o isolamento horizontal, que não seleciona grupos específicos e recomenda que todos fiquem em casa para conter a disseminação do coronavírus. O posicionamento é contra a medida de isolamento vertical defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, de que somente as pessoas que fazem parte do grupo de risco (idosos, pessoas com asma, pressão alta e diabetes) devem evitar sair de casa.

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