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O preço da Injustiça

Existem muitas situações que causam injustiça: discriminar alguém por sexo, raça, cor, condenar um inocente, religião, orientação sexual ou condição social. No dia 23 de agosto, celebra-se o combate à injustiça, e nos dias de hoje, ainda é difícil encontrar pessoas que não tenham sofrido ao menos ato nesse sentido.

Em 2019, o Fantástico exibiu uma matéria sobre Leonardo Nascimento, preto, preso injustamente após ser identificado por testemunhas. O crime ocorreu no Rio de Janeiro, quando 2 bandidos tentaram assaltar um mercado que era da família da vítima, Mateus Lessa. Na tentativa de salvar a mãe, Mateus se jogou em sua frente e foi baleado.

Um dia após o crime, com base em denúncias e na investigação, Leonardo foi detido.

“Me algemaram, me botaram dentro do carro. Meus amigos todos no portão, meu pai, e eu sem poder dar uma explicação. A partir daquele momento não pude falar ou abraçar meu pai.” Relatou Leonardo.

Após 7 dias preso, graças as provas que o pai de Leonardo conseguiu, ele foi inocentado.
“Não fizemos isso com o intuito de confrontar a Polícia, mas provar a inocência do meu filho.”

Adriano Amaro, homem de 42 anos, mas com idade mental de uma criança de 6. No parto o Adriano sofreu paralisia cerebral, o que o sequelou para o resto da vida. Adriano foi acusado falsamente em 2001 de atentado violento ao pudor. Depois que o inquérito foi aberto, a mãe da suposta vítima procurou a Polícia para retirar a queixa, porque descobriu que se tratava de um engano. Mesmo assim o processo foi levado adiante sem que a família de Adriano fosse notificada e foi condenado a revelia, sem defesa constituída.

O pai de Adriano, tendo ciência da vulnerabilidade do filho, dormiu 7 noites na delegacia, do lado de fora da cela, até ser levado para o Centro de Detenção Provisória.
Além dos prejuízos financeiros, o pai de Adriano desenvolveu uma doença neurológica após ver seu filho inocente, atrás das grades.

Misael ficou preso dos 22 aos 34 anos, por causa de uma sequência de erros judiciais.
“Eu tava num bar bebendo, a polícia chegou e disse: é tu mesmo.”
As falhas que tiraram a liberdade de Misael começaram no Fórum Criminal de Recife, o escrivão incluiu o nome dele por engano na lista de culpados por uma série de roubos cometidos por uma quadrilha, na região de Olinda, Pernanbuco. Foi então que o juiz determinou a prisão dos mesmos.

Misael foi parar num presídio sem nunca ter sido ouvido pessoalmente por uma autoridade judicial. Foi então que ele conheceu Silvio, um advogado recém formado que abraçou a causa. Silvio mostrou ao Ministério Público os erros que mantinham um inocente na cadeia.

A notícia de um estupro de uma criança se espalha na periferia de Manaus, e por causa de uma coincidência o nome de Heberson Lima é citado a polícia. A criança é questionada pela delegada se foi Heberson que a violentou. A criança nega 3 vezes. Neste momento, a delegada pede para ficar a sós com a criança e seus pais. Na volta, a criança muda sua resposta e afirma ser Heberson.

Condenado, fica preso 2 anos e 7 meses, é violentado por 60 homens e contrai aids.
Heberson foi inocentado.

De acordo com o advogado Pitter Johnson, vivemos num país cuja sociedade é preconceituosa. A maior parte das pessoas marginalizadas, são pessoas pretas, que vivem na periferia e que já possuem o “carimbo “ de criminoso.

“Devemos fazer um trabalho de educação desde a pré escola, para que algo na nossa sociedade seja mudado. Pessoas negras, pessoas carentes, pessoas pobres que por vezes estão passando com suas motos na volta do trabalho, já são abordadas pela polícia. E não vemos o mesmo rigor da lei com as pessoas ricas e até mesmo com as pessoas brancas”.

Quando um inocente vai parar num presídio a vida dele nunca mais será a mesma, nem a vida da família. E quando a justiça repara o erro e manda soltar o preso ele continua pagando a conta por um crime que não cometeu.

Histórias de injustiça nunca tem um final feliz, o que ninguém conta é que quando alguém é preso injustamente e é libertado, os portões da cadeia nunca se fecham. Há um prejuízo financeiro imediato e o que vem depois com o preconceito a audiências periódicas e o medo, um medo que deixa sequelas irreversíveis.

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