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Maguito por ele mesmo: o prefeito em uma inédita entrevista concedida em 2010

Quando morre um político, vai com ele uma história de relação com a comunidade. Tem fim a proximidade com o físico e os serviços prestados. Nasce, então, o etéreo, a lenda e o mito.

Quando meu pai morreu, em 2010, o ex-governador e ex-prefeito Maguito Vilela foi até o cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia, para afirmar que ele ficaria ali, sentando, no canto, e que se precisasse de qualquer coisa, era só se comunicar com ele.

Confirmou se meu pai se chamava “seu Didi” e se firmou bem dentro daquela comunidade em que eu estava inserido. Maguito absorveu a dor e ficou até o fim. Cumpriu sua função de líder.

Meu pai jamais conheceu pessoalmente Maguito. Mas estava ali o político da comunidade, que cumpre sua função nos piores momentos da vida cotidiana: mortes, tragédias, crises.

Agradeci Maguito e marcamos para conversar dias depois. Eu, na verdade, grato pela presença dele, queria revelar o outro Maguito que existe longe dos holofotes. Dito e feito: encontramos-nos uma única vez para isso e conversamos por seis horas. A entrevista ficou tão fora do que se costuma ouvir ou ler sobre o político, que optamos em guardar.

Maguito disse: “Tem história demais aí. Muita gente pode não entender”. Tratamos de muitas controvérsias e críticas ao prefeito que agora se foi. Ele respondeu as que existiam na época, até 2010. Surgiram outras depois. Mas volta e meia eu encontrava Maguito. E ele se lembrava da entrevista: “Publica a minha história, como tudo surgiu”.

Dez anos depois, e sem o prefeito físico aqui, mas o etéreo em construção, penso que chegou o momento de revelar parte daquele encontro com o prefeito que lutou por 83 dias contra a covid-19 e suas conseqüências e deixou uma história de amor pela política e comunidade em que se inseria.

A última pergunta que fiz naquele dia era como ele desejava sempre ser lembrado na política: “Inventar coisas... nunca fiz isso. E nunca persegui ninguém. Não é meu jeito”.

Parte da entrevista realizada em 2010 estará disponível no impresso e outra na edição online. A maior parte do diálogo permanece guardada, devido sua grande extensão.

Na roça de Jataí

Embrenhado numa adolescência regada às experiências da roça de Jataí (GO) e cerimônias na igreja, Maguito tinha sonhos e hábitos normais de garoto: seleção brasileira de futebol, peladas, leituras de revistas em quadrinhos e [dos 14 para os 17 anos] política.

Maguito aprendeu a fazer política nas fazendas. Filho de uma família de produtores rurais de médio porte, soube dizer bem como surgiu a popularidade que o levaria para o primeiro mandato: “Tínhamos uma fazenda boa, mas a família vivia como pobre. Todo mundo trabalhava no enxadão. Naquela época eu fiz tudo o que uma pessoa do interior fazia. Meu pai buscava sal em carro de boi. E eu ajudava nisso. Fazia tudo na roça. Depois, trabalhei de engraxate. Meu primeiro emprego foi dado pelo Antônio Barbeiro, que tem hoje 86 anos [N.R: a entrevista foi realizada em 2010]. Está vivo em Aparecida, onde trabalha no salão Imperador. Minha adolescência foi de luta. Essa é a diferença com meu filho, Daniel Vilela. Ele estudou aqui em Goiânia. Muito bom menino, excelente, educado, mas não teve as dificuldades enfrentadas por mim naqueles anos. Ele pega outra época”.

As primeiras reuniões eleitorais de que Maguito recordava envolviam moradores tradicionais, dança, cantoria e fartura de comida. “Era aquele povo comendo, dançando, conversando...Tudo para conquistar eleitor, para chegar na vitória. Quando chegava no rancho alegre algum integrante de partido diferente, a visita dava até briga. E às vezes morte... Morria um de lá e outro de cá. Eu era molecote e vi tudo isso de perto. Mas só fui ser candidato mesmo em 1976. Saí como vereador. Jataí tinha a Arena 1 e 2. Lembro que fui o jovem mais votado da Arena 1. Naquele tempo ainda tinha muito de UDN e PSD na política. As famílias adversárias não se falavam: apoiadores de um não conversavam com apoiadores de outro. A própria Arena, com a ala 1 e 2, fazia política apartada. Imperava a regra da sublegenda, em que um partido às vezes lançava três candidatos ao mesmo cargo”.

Nos primeiros anos de vida pública, o traço político mais característico de Maguito será sua dedicação ao futebol. Conquistou a popularidade com a bola nos pés. Fez sucesso entre os amadores e iniciantes. Nos campos do sudoeste goiano, na década de 1970, era a principal arma da Jataiense a figurar no banco.

Magrim = Maguito

Segundo o ex-prefeito, o apelido ‘Magrim’ surgiu quando era figurante da reserva. “Ainda não tinha conquistado a plena confiança do técnico”. Maguito, portanto, não começava jogando, mas a torcida pedia sua presença: “A torcida gritava: põe o magrinho...Bota o magrim! Eu ficava no banco da Jataiense esperando a chance. E modéstia à parte fazia muito gol como centro-avante. Fiquei muito conhecido com isso”.

O auge de Maguito como jogador ocorreu numa final contra um time de Mineiros. “José de Assis impugnou nossa vitória na federação e deu o título para o Palmeiras, time de Mineiros. Depois, esqueci disso e virei um dos melhores amigos dele, que era político organizado, trabalhador, honesto. Era um homem admirável que não foi governador por pouco. Três generais exerceram pressão no Golbery para que tirassem o José de Assis do páreo”, recorda.

Maguito chegou a viajar para defender Jataí em Mineiros, Caçú, Caiapônia e até Cassilândia, no Mato Grosso do Sul. A boa memória do jogador revela que as viagens “foram inesquecíveis” para ele.

E ‘Magrim’ entrava para decidir partidas importantes do campeonato amador. Um certo dia, em 1976, falaram para ele “se colocar”. Maguito pensou por três dias e tomou a decisão. “Fui incentivado a renovar. Era essa conversa que passavam. Tinham Luziano, Sidney Ferreira, mas queriam era a tal da renovação na política de Jataí. Entrei com essa missão. Em seguida fui eleito presidente da Câmara de Vereadores”.

Na década de 1980, Maguito percebeu que o PMDB e Iris eram a novidade. E não mais os nomes do “regime”. Sem bases eleitorais suficientes, mas com determinação e principalmente “sorte”, conseguiu a eleição para uma das vagas da Assembleia Legislativa. “Fiquei conhecendo o Iris em Serranópolis. Ele fazia sua campanha para governador e eu pedia votos pra deputado. Foi o primeiro contato direto que tive com ele. Batemos um papo e surgiu a amizade que dura até hoje. Acabei líder de seu governo na Assembleia Legislativa”.

Mas Maguito não foi eleito com o apoio de Iris. “Foi tudo sozinho, apoiado pela região. Naquela época não tinha essa ajuda financeira, em que candidato a governador mandava dinheiro para candidato menor. Isso é agora. Minha candidatura de estadual foi feita num fusquinha branco, dormindo nos hoteis baratos. Dei esse fusca depois para o Leandro Vilela, que fez campanha nele por algum tempo. Minha campanha era feita com santinho em preto e branco, realizando contato, conversando. Hoje se gasta um absurdo. E quem participa é por interesse, por emprego; antigamente não tinha isso não.”

Indicação de Iris

Em 1986, embalado pela atuação como liderança governista na Assembleia, Maguito contou com a indicação de Iris Rezende para ser um dos candidatos à Câmara Federal - ou em uma hipótese mais modesta disputar a reeleição. Mauro Bento, político experiente e líder na mesma região de Maguito, seria candidato a deputado federal, mas temendo a derrota prefere disputar vaga na Assembleia. Estava aberta, desta forma, a porteira para que milhares de votos federais fossem depositados no novo líder do sudoeste goiano.

Ao lado de João Natal, Naphtali Alves, Mauro Miranda, Iturival Nascimento e Luis Soyer, Maguito comporia o grupo de elite do PMDB na Câmara Federal. Alguns peemedebistas históricos implicaram com sua chegada, pois Maguito, do interior, entrava imediatamente na fila das lideranças.

De conversa simples, logo conquistaria todos. No caso de Iris, a lealdade seria o principal motivo de união política tão duradoura – ainda que durante as décadas de 2000 e 2010, tenham surgido rusgas e suspeitas de estranhamento, conforme se diz nos bastidores.

Na Câmara Federal, o ex-jogador de Jataí tomaria um banho de amadurecimento político. “Fui constituinte com Mário Covas, Ulisses Guimarães, Danton Jobim. Acabei fazendo amizade com todos eles e cheguei a apoiar Covas para presidente. Era um cara bom, honesto, meio turrão, mas compenetrado no trabalho”.

Políticos que atuaram com Maguito não costumam identificar nele nenhuma atuação extraordinária. Contudo, era determinado a errar pouco e acertar todos lances possíveis, como se fosse um jogador de futebol. Conforme Maguito, sua ação dentro da Câmara dos Deputados fez seu nome ser rapidamente cogitado para empreitadas políticas mais ousadas.

Chapão com Iris

No momento da definição de nomes para as eleições de 1990, logo após o desentendimento com o grupo de Santillo, Iris pretendia formar um grande chapão com o grupo oposicionista – comandado na época por Paulo Roberto Cunha, ex-prefeito de Rio Verde. O partido teria garantido a Iris a possibilidade de negociar as vagas de vice-governador e senador.

Políticos da época afirmam que Maguito teria desistido da disputa à reeleição para deputado federal, pois temia a derrota. Dependeria, então, da sorte para ser o vice de Iris. Sem o aceite de Paulo Roberto Cunha, Iris defendeu a chapa pura. Sem alianças, lançou então Maguito – jovem, contraponto do interior ao político da capital, novidade numa disputa já manjada – como seu vice.

Passada a gestão de Henrique Santillo, que teve Joaquim Roriz na vice-governadoria, a grande novidade da política goiana se concentrava no jovem Maguito, agora um ‘escolhido’ de Iris, que estava sem opção – afinal, a maioria dos candidatos à Câmara Federal não estava disposta a esperar a suposta aliança do PMDB com a ala conservadora da política goiana.

Maguito interpreta a escolha de seu nome com naturalidade: “Minha votação subiu naqueles anos. Fui eleito vereador com 900 e poucos votos; depois estadual com 25 mil; federal com mais de 50 mil. E acabei sendo falado no estado inteiro. A própria bancada me indicou para o cargo de vice-governador. Acabei me relacionando tão bem na Câmara que foi natural. Eu era liderança de outra parte do estado, aquilo pesava na decisão”.

Conforme Maguito, Iris deu oportunidade para que ele trabalhasse “mesmo” – afinal, vice, quase sempre, ficava no gabinete ou em casa. O vice-governador de Iris chegava a acompanhar obras, algo incomum nas ações discretas dos vices anteriores. Com tais ações, a vice-governadoria começou a ter mais visibilidade do que o habitual. O desempenho de Maguito catalizou esta fama. E a prova disso seria sua escolha como o candidato do PMDB para as eleições de 1994 – está, sim, uma decisão mais disputada do que a da vice-governadoria. Ele recorda que a seleção foi questionada dentro do próprio partido, que apresentava outros postulantes, caso de Nion Albernaz e Naphtali Alves.

Além destes, Harley Margon Vaz e Rubens Cosac também colocavam seus nomes à disposição do partido. Mais experientes, estavam, com certeza, à frente na linha sucessória. O ex-prefeito Nion ficaria de fora. Sua penetração política se restringia à Goiânia e Iris não confiava nele. No passado, quando Iris foi prefeito de Goiânia em sua primeira gestão, na década de 1960, Nion teria sido afastado da secretaria da Fazenda. Uma série de denúncias motivou o episódio traumático.

As pesquisas encomendadas indicavam Maguito à frente de todos os demais e o PMDB bateu o martelo em seu nome. “Tinha a simpatia das torcidas, da juventude de Goiânia, contava com apoio dos clubes de futebol e tinha ainda o interior. Meu nome foi escolhido, portanto, por pesquisas. Não teve imposição”, recorda.

Maguito lembrou que a escolha do nome peemedebista foi demorada e traumática. “No final, acabou ficando eu e Naphtali, que relutou muito. Aí o Iris chamou todo mundo no apagar das luzes e falou das pesquisas, que indicavam que o candidato deveria ser Maguito...Todo mundo concordou. As pesquisas falavam de palavras como ‘jovem’, ‘pessoa com visão’, ‘moderno’, ‘atuante’. Naquela época essa palavra ‘atuante’ tinha um enorme valor. Aliás, por isso que José de Assis quase virou governador, pois estava em tudo quanto é lugar, atuando. E eu seguia aquele jeito”.

Sem grandes erros, a campanha levou o pupilo de Iris ao poder. Naphtali foi convidado a ser candidato a vice e aceitou tal condição. “Nos demos muito bem, pois ele cuidou da área de transportes, que era o forte dele. Colocou o Pedro Chaves, hoje deputado federal, como secretário. Tivemos o Luiz Bittencourt, Euler Moraes, Ovídio de Angeliz, que era secretário do planejamento e depois virou ministro. Realizamos um governo de qualidade, com grande aceitação”.

Fim de governo

Um dos motivos de orgulho político de Maguito é a recordação das pesquisas que avaliaram seu fim de governo como ótimo e bom. “Saí do Palácio das Esmeraldas, não quis disputar a reeleição, mas tive uma grande aprovação popular. Podem procurar nos arquivos. O próprio Marconi Perillo, eleito naquele ano, disse que se eu tivesse disputado à reeleição, ele não sairia candidato, pois não venceria”.

Por diversas razões, Maguito optou pela disputa de uma vaga ao Senado. A oposição afirmava na época que Iris, de forma autoritária, exigia sua volta ao Palácio das Esmeraldas, mas esta hipótese é contestada pelo próprio Maguito. No plano federal, Fernando Henrique se beneficiava com uma criação jurídica de seu próprio governo: a reeleição.

Maguito sempre havia se mostrado contra o instituto que garantiu mais quatro anos para FHC e batia no peito por essa escolha: “Só dois governadores ficaram sem apoiar o projeto de reeleição: Ao lado de Covas, viajamos o país para combater este projeto. Seria uma incoerência muito grande”, diz.

A suposta exigência de Iris para voltar ao governo também é desmentida por Maguito: “Todo mundo falava que o Iris queria voltar. Pode ser que Iris até tivesse esse desejo, mas nunca fez um gesto sequer, nunca pressionou, nem nada. Eu tinha a reeleição mais garantida do Brasil devido aos índices de popularidade. Fui candidato a presidente do PMDB logo depois que entrei no Senado. Foi a maior convenção na história do PMDB. Competia com Michel Temer e tinha Itamar Franco, Pedro Simon, Requião, todos, apoiando minha candidatura. Ganhei em todas regiões, mas perdi no Nordeste. O Fernando Henrique mandou o Padilha e Rames Tebet lá e tomaram os votos do Nordeste todinho. E isso é verdade. Toda a imprensa sabe disso. Perdi a convenção. E perdi por um pouquinho de votos porque, afinal, era contra a reeleição, uai. Tinha entrado com uma emenda constitucional proibindo reeleição até em clube de futebol. Depois da pressão do Ricardo Teixeira (dirigente da CBF), a proposta de emenda perdeu por um voto numa típica manobra dos que não desejavam a mudança”.

Controvérsias

Conforme Maguito, a venda de Cachoeira Dourada, uma das críticas voltadas ao seu mandato como governador, as pessoas devem analisar o contexto: quem comandava os objetivos traçados por FHC era o trio Pedro Parente, Pedro Malan e Luiz Carlos de Barros Mendonça. Eles detinham o controle de tudo. E Goiás estava na lista dos estados que deveriam diminuir o número de empresas. “Tinha uma onda de privatização no Brasil. O Governo Federal só renegociava as dívidas do Estado e pagava o crédito que Goiás tinha junto ao Tocantins se entrássemos nessa onda. Queriam a Iquego, Emcidec, Metago, Cachoeira Dourada, Celg, Saneago, enfim, queriam tudo. Queriam que privatizássemos também os bancos estatais. Tive que assinar um compromisso para vender tudo. O FHC vendeu a Vale do Rio Doce, o setor de telefonia. O que ele podia privatizar, ele privatizou. E veio, então, nos governadores com aquele discurso já montado. Ou seja, para receber recursos da União, tinha que privatizar... Essa foi a onda de que o setor público é incompetente para gerir as estatais...”.

Maguito disse que existia um sistema montado no mundo: “O neoliberalismo queria diminuir o Estado. Não acreditei nessa história, mas Goiás devia demais. Se não vendêssemos Cachoeira Dourada, o prejuízo seria maior, talvez dez vezes mais. Fui tapeando, enrolando, separei a Celg... Demorei um ano e tanto para fazer tudo, e só ganhando tempo. Entendemos, então, que a Celg é que era a galinha dos ovos de ouro. Pensei: vendo a geradora, pois ninguém tem, mas fico com a distribuidora. A Celg compra energia de Furnas, Itaipu, Cachoeira e vende três vezes mais. Onde tem prejuízo nisso? É o melhor negócio do mundo. Você compra por 30 e vende por 90. A Celg tinha dívidas como tem hoje. Era tudo em função de inflação, plano econômico, empréstimos anteriores. Paguei um 1,2 bilhão de dívidas, agora essa dívida subia pelo custo, pela inflação, pelos juros...”

Várias controvérsias políticas e personagens foram analisados por Maguito durante o encontro para esta entrevista. A disputa entre Henrique Santillo e Iris na década de 1980 tem seu olhar privilegiado: “Santillo deu a palavra que apoiava o Iris na disputa com Ulisses Guimarães e Waldir Pires na luta pela presidência da República. Só que depois ele apoiou o Ulisses. Agora, como o Iris iria explicar para a população brasileira que era candidato a presidente e não tinha apoio do governador de seu estado? Soou absurdo. Santillo deixou o Iris na chapada. E ele começou a enfraquecer, era ministro, mas sem esse apoio, a campanha refluiu”.

Outro desafeto de Iris Rezende no primeiro mandato de governador do líder peemedebista será Mauro Borges, ex-governador de Goiás: “Ele quis exercer uma influência muito forte no governo do Iris. Aí aconteceu o rompimento. Iris não aceitava isso. E por isso não apoiou ele ao governo, mas Santillo”.

Maguito interpretou a ascensão do ex-governador Marconi na política, já que era um auxiliar de Santillo: “Foi um político mais atirado. Andava no estado inteiro de avião. Eu era mais cauteloso. Pé no chão”.

Crises

Sobre suas derrotas ao governo de Goiás, ele recordava que a disputa era sempre “injusta”: “Gasto da máquina sempre pesou demais, perdia porque não tinha recursos financeiros. O Iris disputa com apoio dos prefeitos. Isso ajudava. Em 2006, eu fiz foi milagre: segurar as pesquisas durante um ano. Mas Alcides Rodrigues (ex-governador e atual deputado federal) ganhou com a máquina, e ela pesou muito. Aliás, pra perder com a máquina na mão, só se for trouxa. Só se for muito ruim... Porque o fisiologismo é muito grande, perdeu-se o sentido do idealismo. Qual partido eu tinha comigo naquelas disputas? Ninguém!”.

Sobre as crises que enfrentou como governador, no encontro, ele lembrou da fatídica rebelião do Cepaigo, em 1996, que teve passagens cinematográficas dramáticas que agradaram a imprensa nacional e internacional, inclusive com a presença do anti-herói Leonardo Pareja. “Aquilo não desestabilizou meu mandato porque fui equilibrado. O desembargador Homero Sabino teria sugerido que invadisse o Cepaigo, ao que me lembro. Já o Limongi chorou [Nicola Limongi, ex-diretor do centro penitenciário, fez apelo dramático na época pela sua vida. Ele foi levado pelos criminosos ao muro externo do Cepaigo para tentar acelerar a negociação]. Não autorizei: aconselhei com Batista Custódio, com a OAB, pensei que tem que ter tolerância...Tem que dialogar... Lembro que chamei o comandante da PM, aconselhei com todas pessoas da época. E levamos até eles se cansarem. Lembro que falaram: “ele disse que se eu morrer a culpa é do governador”. Uai, não mandei ele lá. Ele foi à revelia. Isso teve repercussão mundial”.

A dúvida de Lula

Sua passagem como prefeito de Aparecida de Goiânia - que poderia parecer uma “missão menor” aos olhos de fora - não foi para ele. Ao contrário: “O Lula me chamou e perguntou: “Uai, Maguito você está ficando doido para candidatar-se em Aparecida? Eu ri. Eles lá em Brasília não sabiam: achavam que Aparecida era uma currutelinha. Não sabiam que tinham uns 500 mil habitantes na cidade! Faço política por ideal, quero ser bom administrador, criar condições para trabalhar. Aparecida precisava de um choque, de novos costumes e sair da mesmice...”.

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