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Após abrir comércio, Valparaíso é novo epicentro de Covid-19 em Goiás

A liberdade de cada prefeito em estabelecer decretos junto ao seu município torna o enfrentamento contra a Covid-19 dramático em alguns municípios. No final de maio, o caso mais grave de Goiás – além da região metropolitana em torno da Capital – é Valparaíso de Goiás.

A cidade do Entorno do Distrito Federal mais próxima de Brasília tornou-se o novo epicentro regional da doença. E o motivo, afirmam técnicos de saúde que atuam no combate da doença, é a abertura do município para o comércio com mínimas restrições. “É desesperador o que está acontecendo aqui. A Prefeitura precisa assumir o problema. Temos nossos limites”, diz uma enfermeira, que pede anonimato.

No final de abril, o prefeito Pábio Mossoró (MDB) liberou atividades em shopping, academias e restaurantes. Agora pode enfrentar momentos de turbulência em junho, já que a previsão é de que o número de casos, no mínimo, triplicará.

Pabio Mossoró, prefeito: questionamentos durante a pandemia de Covid-19

Moradores denunciaram ao DM através de mensagens via aplicativo que a cidade deve ter ainda mais casos do que os anunciados, já que muitas famílias relatam parentes com sintomas de Covid-19. Os doentes chegam em hospitais de Luziânia ou tentam atendimento em Brasília, o que demora para a atribuição do caso ao município.

Anastacia Rodrigues, moradora da cidade, diz que as unidades de saúde de Valparaíso estão abarrotadas: “Enquanto o senhor prefeito deixa os bares abertos e restaurantes, só vai continuar subindo esses números. Pode passar aqui na rua do hospital do Céu Azul que a aglomeração está garantida”, diz.

Mia Lima reclama: “Os bares continuam abertos, Hookah continua aberto, shopping aberto, o que que vocês queriam?”.

Lourdes Teixeira entende que alguns eventos deveriam ser de evitados para diminuir a aglomeração: “Moro no Parque Clube II, Parque Rio Branco. Tem uma casa de festas aqui perto, depois da estrada de ferro. Não sei exatamente onde fica, mas dá para ouvir o som de festas a noite toda”.

O impacto da flexibilização é grande: os casos aumentaram nove vezes desde que a cidade adotou a postura de pouca restrição. Valparaíso de Goiás tem hoje 84 casos confirmados, sendo 302 suspeitos, além de dois óbitos.

A cidade era um exemplo: teve apenas 18 casos na primeira fase da disseminação. Mas neste mês, até agora, foram 69 doentes identificados.

PROGNÓSTICO

O professor Gustavo Dias analisa a situação do município e pede prognóstico para o próximo mês. Ele está assustado: “Em um mês, pulamos de 7 casos para 75 casos. Houve um aumento de 971% em relação ao mês anterior. Se seguir a escala percentual de crescimento lá no dia 22/06 teremos algo próximo de 750 casos nesta cidade. O que é um número assustador”.

Ele fez um questionamento oficial para a Prefeitura, que encaminhou as informações para o prefeito Pábio Mossoró. Mas ainda não recebeu resposta. “Valparaíso registrou os dois primeiros casos de coronavírus em 24 de março. Um mês depois, em 22 de abril, tinha sete casos. Deiz dias após a reabertura do comércio a cidade contou com 17 casos (10 casos a mais e um crescimento de 142% em relação ao dia 22/04). Vinte após a reabertura do comércio a cidade contou com 48 casos de coronavírus (31 casos a mais e crescimento de 182% em relação ao dia 12/05). Dia 22 completamos um mês da reabertura do comércio e Valparaíso conta com 75 casos (27 casos a mais e crescimento de 56% em relação ao dia 12/05).Em 1 mês, pulamos de 7 casos para 75 casos. Houve um aumento de 971% em relação ao mês anterior”, contabiliza.

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