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Extremistas que apoiam Bolsonaro são investigados por ameaça a governador do DF

Proprietário de uma chácara, no Distrito Federal, que abrigava grupos extremistas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), está sendo investigado pela Polícia Civil (PC), por injúria e ameaça contra o governador Ibaneis Rocha (MDB). Também são atribuídas a ele a suspeita de financiar o grupo que realizou protestos antidemocráticos na capital.

A propriedade supostamente pertencente a André Luís Bastos de Paula Costa, fica na região de Arniqueira, distante cerca de 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes, e foi alvo de uma operação neste domingo (21).

Conforme os investigadores em 13 de junho, o empresário gravou um vídeo contendo ofensas contra o governador do DF. "Nós vamos te pegar, seu safado. Nós estamos aí para defender o presidente, o recado está dado". O fazendeiro é de Goiás, apesar da propriedade no DF, de acordo com a polícia, tem passagens pela delegacia por esfaquear um idoso, em abril de 2018. A PC informou que o governador não registrou queixa sobre o caso.

O delegado Leonardo Castro, da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), afirmou nesta segunda-feira (22), que o fazendeiro será intimado para depor, "mas ainda sem previsão de data". A suspeita é de que ele seja um financiador e também tem realizado manifestações, mas o fato ainda a ser confirmado é sobre ele ter disponibilizado o imóvel para a reunião".

Ocorreu domingo (21), na chácara, uma operação da PC que apreendeu fogos de artifício, anotações com planejamento de ações e discursos, cartazes, celulares e um cofre usado por três grupos de extremistas. A propriedade está em nome do suspeito. Ninguém foi preso.

Para o delegado, a ação acontece paralelamente ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura atos antidemocráticos. Castro destacou que a ação ocorreu após a polícia tomar conhecimento de ameaças e de atos contra os Três Poderes, logo após a desmobilização dos acampamentos, nas Esplanadas dos Ministérios, no último dia 14 de junho. " Foi declarado por eles na manifestação de domingo que haveria uma grande surpresa aos governantes. Isso foi mais um indício de apressamos a operação para realizarmos essa medida de busca", pontuou o delegado.

Para o Cecor, as buscas fazem parte do inquérito que investiga "a possibilidade de um crime de milícia privada ou uma associação criminosa. O que séria o caso desse grupo ter combinado essa aglomeração com o objetivo de cometer esses crimes. Nestes casos, não serão punidos apenas as pessoas que cometeram esses crimes, mas todos que participaram do grupo ou tiveram a intenção de se agrupar", explicou o delegado.

Segundo a PC, "existem crimes que são da Polícia Federal (PF) e da Justiça Federal, e outros crimes cometidos que devem ser apurados pela Polícia Civil do Distrito Federal". O mandado de busca na chácara de Arniqueira foi concedido na noite de sexta-feira (29), pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).

A PC na ocasião apreendeu notas fiscais, que segundo as investigações apontam para uma "prestação de contas", que é um indício de financiamento do movimento. As notas eram principalmente de compras de alimentos. A quantidade daria para cerca de uma semana". Um cofre que estava na área externa da casa também foi apreendido, mas a PC ainda não analisou o conteúdo.

Esquema de segurança

Para o delegado Leonardo Castro, há duas casas no terreno usadas como "bases de apoio para os grupos". O policial afirmou que acredita que o local era usado para receber pessoas de outros estados, para reuniões e planejamento de ações. No local foram apreendidos manuscritos com esquemas e croquis.

"Nós investigamos crimes. Essas pessoas vêm se manifestando e, às vezes, ultrapassando o limite da liberdade de expressão e comentando crimes contra honra, ameaças. Quando ultrapassa esse limite isso passa a ser crime", assegurou o delegado.

Sara Winter

A representante de um dos grupos de extrema- direita que estavam concentrados na chácara de Arniqueira, Sara Winter, está presa desde o início da semana passada, por ordem do ministro Alexandre Morais, do STF. Morais prorrogou a prisão da extremista Sara Giromini. Além de Sara, outras cinco pessoas tiveram a prisão provisória prorrogada com base na investigação sobre atos antidemocráticos praticados em Brasília.

Esse maio passado, a região da Esplanada dos Ministérios havia se tornado local de acampamento para grupos extremistas que apoiam o presidente Jaír Bolsonaro. Em junho, após uma determinação do governador do Distrito Federal.

Conforme o GDF, a desocupação vinha sendo negociada. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) já havia pedido ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), a desmobilização do acampamento de apoiadores do presidente. O órgão compara o movimento a uma "milícia armada".No entanto, a solicitação foi rejeitada.

Ao julgar o pedido do MP, o juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona entendeu que a restrição "não é idônea"[íntegra] para garantir a sobrevivência da liberdade de pensamento, da liberdade de locomoção e ao direito de reunião". Os promotores chegaram a ingressar novos documentos em recurso para tentar, mais uma vez, desmobilizar o acampamento. A pedido do MP, a PC passou a investigar integrantes.

*Com informações do G1

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