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Cordas, chicotes, algemas, vendas e muitos outros acessórios fazem parte do chamado BDSM, que envolve práticas sexuais antigas, que causam estranheza em muita gente, mas têm muitos adeptos.
Anteriormente chamado de Sadomasoquismo, hoje a sigla BDSM é bem mais que isso.
O “B” é o Bondage, e envolve práticas que limitam movimentos, como as amarrações. Algumas pessoas sentem muito prazer ao serem amarradas e podem inclusive chegar ao orgasmo. Não necessariamente há toques em região genital, o que mostra que o prazer na sexualidade não está apenas na região íntima, mas pode ser vivenciado no corpo todo. Existem algumas técnicas específicas de amarrações, como o Shibari.
Em sua participação no Podcast Sexo Descomplicado, a dominatrix Dommenique Luxor afirmou que “O BDSM também ensina a não genitalidade, que é o processo todo de erotização do corpo, que o fim não é exatamente o orgasmo, o gozo, é tu tirar prazer e ter várias sensações, experimentar o teu corpo, ter o teu corpo presente e se apropriar dele. Se apropriar dos seus prazeres”
No BDSM você pode exercer vários papéis e aguçar a imaginação com fantasias e personagens.
Dommenique Luxor é historiadora, empresária, escritora e pioneira na arte da dominação no Brasil.
O “D” de Dominação, pois o prazer pode estar justamente em ser Dominado. Na série Billions é possível observar esse comportamento em um dos personagens, que se permite viver altas e quentes fantasias ao ser dominado. Uma dominatrix, tem a arte de fazer com que seu parceiro ou cliente sinta muito prazer, pois muitas dominatrix são profissionais especializadas na arte de dominar. O momento pode não envolver sexo genital , mas apenas a dominação e submissão. O dominado deverá obedecer cegamente sua dominadora, como um servo. Podemos ter também homens dominando mulheres ou casais homoafetivos.
O “S” vem de Sadismo e o “M” de Masoquismo e um bom exemplo são as cenas de filmes como 50 Tons de Cinza e o 365, onde o personagem principal realiza várias práticas de sadismo. O Sádico tem prazer ao provocar algum tipo de restrição ou sensações dolorosas na parceria. E o masoquista sente prazer ao experimentar essas sensações. Parece estranho pra muita gente acreditar que o prazer possa estar na dor, mas é verdade. A dor, no contexto do BDSM não significa sofrimento e sim prazer. E Dommenique faz uma comparação interessante para entendermos como isso funciona: “Do mesmo jeito que você sente prazer com aquela dorzinha gostosa quando inicia a academia, quem gosta de BDSM curte a sensação.”
Ao contrário do que muita gente pensa, nem sempre as práticas de BDSM envolvem técnicas dolorosas. Uma simples venda nos olhos ou mesmo algemas nos punhos, ou até uma gravata amarrando esses punhos e deixando quem está amarrado impossibilitado de reagir, é considerado BDSM.
As relações de poder e prazer no BDSM precisam sempre serem consensuais. E para evitar qualquer prejuízo físico ou psicológico aos envolvidos, uma palavra de segurança é acordada, estabelecendo o limite de cada um. Esses acordos são extremamente importantes.
Dommenique fala ainda que “Quanto mais você conhece teu corpo, mais você tem poder sobre ele, menos ele serve para ficar solto nos relacionamentos por aí e você não gozar ou experimentar prazer tanto como você pode ter”
Na casa de shows, Love Cabaret, em São Paulo, é possível assistir a apresentações de BDSM. Apesar do nome, a casa não é um bordel e sim um espaço de diversidade e apresentações de diversos artistas, com uma pegada bem sensual. A apresentadora Indra Haretrava afirma “ O Love é a casa de todos os corpos. Não é um espaço onde se vende sexo, vendemos desejo”.
Há quem tente correlacionar o gosto por essas práticas de BDSM com históricos de vivências de abuso sexual na infância ou adolescência, mas não há nenhuma correlação direta.
As relações de poder e prazer permeiam naturalmente a sexualidade e não é à toa que filmes como 50 tons de cinza fizeram tanto sucesso.
Prestar atenção naquilo que te excita, sem fazer julgamentos de certo ou errado, mas simplesmente observando como seu corpo reage, pode ser muito benéfico para melhorar o repertório sexual, aumentar a libido e experimentar ainda mais prazer.
Ao ver uma cena de BDSM, você pode ficar mais ofegante, responder com excitação (ereção nos homens, lubrificação nas mulheres), e o coração acelerar. Se isso acontecer, não se assuste, só observe!
Mas haverá também quem se sentirá incomodado e não gostará nada de ver cenas assim, e tudo bem. Preste atenção em que cenas de filmes ou séries te deixam excitado(a).
Sempre me lembro de uma paciente, que tinha por volta de 60 anos e me dizia: “Não tem nada que me excita mais do que assistir à série Vikings e ver aqueles homens fortões”. E é assim que funciona.
Não se reprima! Deixe seu corpo responder aos estímulos! Preste atenção ao seu corpo! E só depois decida o que você quer trazer para a prática ou quer viver só na imaginação!
Afinal, o prazer é todo seu!
@drajoicelima
